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domingo, 19 de agosto de 2012

Ô, Ventania!

às vezes se eu grito bem alto bem que tu me entendes, mas eu quase nunca choro para não acordar teu sonho de bebê. São nesses dias cor-de-cinza, que tu adentras o quarto velho levando abaixo a porta e a casa, todo fantasiado de veludo escuro, escuro! (mas de um brilho tão intenso), dando piruetas e tocando o mesmo sino. Imediatamente acordo de meus pensamentos tolos e baixíssimos e me rendo ao encanto bruxo de teu cheiro tão intenso. Eleva-me em teus ombros então que o ar puro aqui de cima tem poderes de fazer sorrir! Mas não te preocupas, ele jura que não mata! Só pede a todos que tomem muito cuidado com isso, pois em terras de rainha tola todo vento um dia vira furacão. E assim seja.

Foto por: Tuane Eggers

domingo, 15 de julho de 2012

O ninho

O cheiro de café recém passado, os biscoitos que já sei que lhe aprazem mais: bruxarias que tomam o peito e extravazam as mãos das Marias que regem a casa. Afastam o frio com o fogo de suas lareiras e no crepitar de suas chamas dançantes enxergo a mim mesmo aconchegado no colo do pai. Tuas carinhosas mãos que agarram-me e prendem-me ao hercúleo peso desse nosso lar. Se hoje nossas feridas sangram desembestadas é o preço que se paga pela ingratidão nossa de cada dia: tu bem o sabes pois foi o meu próprio sangue que te ensinou. Sorriremos, por isso lhe recupero: passo as mãos pelos teus cabelos negros e enrolo entre meus dedos tuas lágrimas de criança já grande demais para ser arrastada comigo – choramos juntos! Olho firme para essa tua dor e desejo devorá-la para que nunca mais ouse bater de frente contigo novamente – então ela gargalha, pois sabe que não cabe a mim mandá-la embora. Não desisto: exconjuro de ti todo o mal e se coleciono mandalas coloridas é apenas para ter certeza de que lhe darei, ao menos, um pouquinho de paz. Enfeitiço-te então. Marco-te com amor, filho meu! (E não queira dizer outra vez que isso é uma mentira). Se tu não entendes as línguas sacras que uso para lhe abençoar, não lhe culpo, mas não me satisfaço. Sei bem que os filhotes de homem são os últimos a abrirem os olhos, mas antes de dormir rezo, tremendo de medo, para que tu não morras cego demais. Ao ver teus olhos de desespero, divido contigo o segredo último que poderia lhe dar: nosso único mandamento (mesmo que tua surdez teimosa insista em ignorar) é que jamais ouse duvidar da força desse abraço. Eu lhe dei amor, minha prole. E é somente isso que lhe cabe dar.



Foto por: Tuane Eggers

quarta-feira, 4 de julho de 2012

Quase dois


Pois agora dá-me licença que eu preciso voar.
Estou abrindo as asas, meu amor!
Para nunca mais voltar?
Shhhh!!!!
Não pergunta-me agora!
O tempo também voa
E já passou da nossa hora
Mas um dia
Se couber a nós dois
Finalmente
Se encontrar,
Certamente sabermos.
Se não,
não.
Partiremos no primeiro vendaval.
Teus vestidos já estão passados?
Hoje iremos assim.
E então estamos sonhando.
E estamos sorrindo.
E estamos acenando.
E estamos sumindo.
E estamos vivendo.


Foto por: Tuane Eggers

domingo, 1 de julho de 2012

O resultado de um bebê que caiu no chão


Três partes de crânio arrebentado no primeiro quarto à esquerda.
O resto deste pulmão por aqui.
Os tecidos mortos devem ser jogados no incinerador.
E as duas patas traseiras direto no lixo.
Alguns chamaram-no de aborto, mas poucos sabem que lhe foi necessário apenas trocar um fígado por um novo contrato de permanência de vida.
Ele foi então meticulosamente compartimentado:
Cada pedaço cortado com precisão cirúrgica necrotérica desrespeitosa
Foi enfim guardado em um sem fim de caixas sem etiqueta alguma
Por um descuido daquela maldita enfermeira que deveria organizar o lugar
Hoje percebemos que uma parte vital de seu cérebro foi perdida
Dizem que foi mandada embora que sumiu em viagem que se perdeu e nunca mais voltou.
Mas sossega.
Um pedaço a menos não faz diferença alguma aqui onde eu estou.

Foto por: Lucas Heymanns

quinta-feira, 28 de junho de 2012

Ao pó tornaremos.


Mas Deus sorriu e me disse: aquele que queima suas pontes não pode reclamar de não ter para onde voltar. O cavalo não passa selado duas vezes e se teu medo de cair é mais forte do que o vento que gela o teu corpo inteiro, talvez seja uma boa ideia hoje você ficar. Eu não voltarei nunca, mas pode ficar tranquilo: toda matéria viva um dia apodrece - E isso é tudo de melhor que agora tu poderias me dar.

Um abraço não se recusa, meu caro. Aprenda da pior forma possível.

Foto por: Tuane Eggers

segunda-feira, 25 de junho de 2012

Sobre o homem

Lança-te sobre mim.
Dou-te apenas o direito de me soterrar.
Reservo-me o direito de um dia abrir meus  olhos
E ver-me escurecido pela sombra do teu peito.
Quando teu ar entrar em em mim por esses tubos de oxigênio
Viverei enfim.
E então plantaremos uma árvore.
E então escreveremos um livro.

Foto por: Tuane Eggers.

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Carnívoro.


Quando não tiveres mais necessidade de jogar as genitálias em cima da mesa, retorne. Aqui ninguém se importa com teu suco, pois teu soco já estava há muito tempo guardado. Vai para fora, cachorrinho! Quem late fora de casa alcança a lua mais depressa. Corre antes que ela desapareça, pois já passa da minha hora de fechar as malditas janelas e os teus olhos feios podem apenas vigiar o melhor dos seus cordeiros. Olha o lobo ali! Ops... Que seja doce.

sábado, 9 de junho de 2012

Não torture a velha.


Se eu gritar socorro nem mesmo tu suportarás tranquilo.
Se eu cair de joelhos na tua frente e confessar-te o quanto te preciso, não posso lhe garantir quando poderei caminhar novamente.
Se você me carregasse no colo você morreria de dor.
Sei que falas que quer provar também as minhas lágrimas, como gosto de lamber as suas (elas dão um toque adocicado ao terrível sabor das minhas), mas você não sabe como são venenosas as gotas que escorrem pela minha face e amargam-me os lábios.
Tu não entendes coisa alguma do que se passa ou se entende esse teu sorrisinho quente não passa de medonho sadismo.
Tu não sabes o que fala quando não me dizes nada e nem tem ideia do efeito que me causa colocar-me rendido e bem criado logo abaixo dos teus pés. Então eu grito para que o desespero se mantenha distante, pois sei que alguém histérico não entraria jamais pelas portas do teu céu.
Essa minha vida de coisinha miserável pode até ser saudável para as páginas que sangram tinta e poesia com uma fluidez de cachoeira, mas tenha pena dessas pobres senhorinhas que estão ali se balançando com olhos de quem não sabe mais o que fala. Chega mais perto delas, se suas pernas não caírem talvez lhe deem colo. Elas querem saber teu nome. O nome delas é Lucidez, Calma e Paixão (que possuída por uma legião de mil demônios insiste em dizer que seu nome é Sofrimento).  
- Não tente antecipar-se.
- Não pretenda compreender aquilo nem mesmo eu sei o que é.

(mas me abraça mesmo assim que um dia essa tempestade toda ainda há de engolir a minha vida.)

O réu

Mas em algum lugar do mundo um noturno ladrão de abraços sorri com o coração quente e a consciência pesada. Por favor, peço a todos que não o julguem! Ele não é uma pessoa de todo má. Digo de todo, pois um pouco demoníaco todo mundo é. Entendam que a noite estava fria e o seu coração também. Entendam que a respiração profunda e entrecortada, o cheiro dos corpos que suam em repouso e o ronronar de gato adormecido eram mais potentes que todos os chocantes fios daquele lençol-cadeira-elétrica-térmico. Imagine agora que um braço quase envolve sua cabeça – você bem gostaria que assim o fizesse – e que seus olhos frente a frente transbordam as informações que não pertencem ao reino da palavra – se eles não estivessem fechados de bebida e de cansaço. O único fato é que o peito abre-se feito um travesseiro e o coração com suas batidas miudinhas sussurra lá de debaixo da camisola – Vem tu. Vem tu. Vem tu. Na calada da noite nem mesmo os pássaros ousam fazer barulho, portanto cada suspiro sagrado é segredo compartilhado e diante disso tudo só lhe resta dobrar-se de fé. E é aí que a sua cabeça pende para frente... Bem devagarzinho. De maneira quase involuntária – especialmente quando o fino fio do teu sonho se romper - a cabeça pende como a de um bicho pedindo carinho aos pés de mamãe. Não se ousa respirar demais para não assustar o seu peito que então nos acolhe durante segundos de sereno violeta. O cheiro no nariz, o sussurro no pé do ouvido o balanço calmo de sua respiração e, enfim, o maior sorriso do mundo estampado no rosto do rapaz - Naquele momento te juro que a gente brilhou, mesmo que teus olhos jamais o tenham visto.
Por isso digo-te com toda a convicção que ele não é culpado. Sua inocência justifica-se nos princípios bíblicos do amor eterno e é de lei que se o coração queimou naquele dia, nosso sangue agora é vinho santo de milagre. Não o crucifiques, por favor. Se por acaso o condenares a morte nas suas cadeiras elétricas ou deixá-lo preso para sempre debaixo do seu pesado calcanhar, talvez devesse também pisotear como quem dança sobre as tulipas todas que ninguém cuidou e acertar suas contas com os céus que fazem os filhos como o pai que os criou: perdidos.


Foto por: Tuane Eggers

terça-feira, 5 de junho de 2012

Solidão é palavra que escreve-se com lágrimas.

Estremeço todo só de pensar que daqui há um tempo talvez tu não estejas mais aqui. Não estou sendo pessimista, portanto não atirem-me a próxima pedra. Se seu desejo sincero é o de me punir, por favor, utilize um machado certeiro como o câncer que lhe come o colo. Estranho é sentir o chão desparecer e perecer diante do caminho que já nem existe mais. Eu juro que quis gritar, mas as estátuas de sal que me cercam não foram feitas para me ouvirem chorar e diluírem-se em meio ao meu amargo pranto.
- Para que elas servem então?
- Para enfeite.
- Não são belas as suas estátuas.
- Mas elas são... Nada. Elas não são nada.

E eis que seus finos braços de sal escorrem por entre os dedos do abraço que eu não ganhei. Bato palmas, arranco os cabelos fio a fio e imploro que essa tua gelidez seja parte de seus planos de me matar de felicidade! Pois nesses momentos de silêncio profundo crio uma voz que se assemelha a tua e que me faz queimar os dedos novamente.
- Engole teu choro que nele há mais enxofre do que nessas bestas todas.
Respira fundo.
E então eu sorrio e todo mundo fica mais contente.

Foto por: Tuane Eggers

quarta-feira, 30 de maio de 2012

A culpa é de quem sofre mais.

Hoje eu fumei cigarros. Deus sabe que eu só fumo quando necessário. Deus sabe também que nem sempre oxigênio é o suficiente para manter o peito em movimento constante e imparcial. Hoje parece-me que abrir a janela não foi a melhor das opções. “Um buraco negro!”, foi o que ela disse e indiscutivelmente é exatamente assim que eu me sinto. Juro que quando balbuciei para mim mesmo (quase como uma reza) que não seria de todo trágico caso minha respiração acelerasse um pouco à tua sombra, não sabia que estouraria-lhe os tímpanos e cortaria ao meio teu corpo tão pequenino. Agora estou aqui, todo vestido de sangue e com os olhos esbugalhados segurando teu estômago em uma de minhas mãos. Por mais quente que teu manto seja, fogo mesmo só existe no fundo dos meus olhos e hoje eles não pararam de crepitar durante o dia inteiro. Jogaremos roleta russa. Cinco maços de cigarro, oito flores amarelas, o vinho que prometemos beber juntos e uma bala de revólver devem ser o suficiente para nós dois - você está mirando para o lado errado, amor. Estes são os meus miolos, não os teus.
Fitei o escuro profundo daquele túnel que levava ao arrebatamento. Fitei-o e percebi que aquele tímido buraquinho de revólver era apenas o reflexo do meu. De repente a luz veio lá do fundo e espalhou-se entre meus olhos e escorreu, tingindo-me até o sorriso de vermelho. Minha cabeça abriu-se como se eu
tivesse expulsado tudo. como se eu estivesse completamente nu, como se fosse eu.

Foto por: Tuane Eggers

terça-feira, 29 de maio de 2012




Vai na frente. Eu não te encontro depois.

domingo, 27 de maio de 2012

As baratas não mordem

Pausa coletiva. Quando você me olhar nos olhos com aquele sorriso besta e disser "Sumido!", irei apenas sorrir levemente e dizer: Sim, eu sumi. É uma pena não poder encontrá-lo mais vezes nesses caminhos escuros de volta pra casa, mesmo que eu tenha caminhado sozinho durante este tempo todo. Se nunca seguimos lado a lado na mesma direção, eu prefiro que você fique bem longe, pois pelo menos assim não me pisa nos ca...lcanhares e me derruba de cara no chão, como acontece sempre. Dessa vez eu juntei os meus dentes e fiz o mais poderoso amuleto contra essa vidinha que tu arrastas contigo. Não me digas o que fazer e nem penses que aqui perto estarás seguro. Eu acendo fogueiras, mas elas servem mais para queimar os restos do meu passado obscuro do que para trazer qualquer tipo de calor e humanidade ("que pena." - eu sempre penso quando queimo o dedo.). Todo bicho que tem dentes, morde. E isso é tudo o que nossas crianças deveriam saber.

Foto por: Tuane Eggers

domingo, 13 de maio de 2012

Ponto positivo

Hoje ele não quer. Afinal, tu fechas a porta com tamanha brutalidade e espera um dia encontrar conforto! Hoje não.
Eu fecho-te numa tumba e me disponho a acender-te uma vela uma vez por mês. Aos sábados, se você preferir. Sei que jurei não sentir desta vez, mas antes que eu pudesse terminar minha frase meu peito já pingava pesado de sangue. Peço desculpas pelas gotas no sofá, mas se aproveitares esta noite de lua cheia e pingar o sangue num pote com uma amostra da nossa lama, uma violeta imensa brotará e cantará aos berros sua mais nova ária. É pouco, mas é o que eu posso. É pouco, mas hoje em dia é assim para todo mundo e quem não vive sozinho fala com a própria sombra. Colhe então minhas póstumas violetas e faz com elas um belo arranjo para enfeitar a cabeça, como faziam os antigos reis persas num ato de celebração ao amor eterno. Descansarei ao teu lado uma vez ou outra, bem como um vulto que adentra a janela e faz morada no canto mais escuro do quarto de dormir.
Se hoje ele não quer quer dizer que a tumba continua vazia.

Foto por: Tuane Eggers

sábado, 5 de maio de 2012

Finito.

Acontece que se ele é um perdedor, não importa de que lado da linha você esteja, esse teu sonho jamais se concretizará. Não é uma questão de crueldade, mas de fria e boníssima razão. Ele gagueja! Ele titubeia e não vem! Nunca. Dorme, dorme e os olhos acordam onde não mais tocam a minha face.
Morre! Some, então, como se fosse feito de fumaça. Lambe o chão que te leva para longe e some como se tiv...esse morrido. Se você soubesse que não preciso de muito, talvez deixasse de ser unha de fome e me desse um pedacinho desta terra sobrando aí. E se eu habitasse bem aqui? E se ocupasse um espaço imenso nesse seu coração? Seria demais? Seria desespero? Um tornado não me leva para longe, assim como os cavalos amarrados na sola do teu sapato, no fundo, não servem para nada. Talvez se você pulasse no dorso pulsante de um precípicio chegasse aos limites inesquecíveis de uma terra jamais povoada, mas sei que esse insano contato nosso perigo lhe transformaria para sempre. Um tanto de estrada e outro pouco de solidão resultam indiscutivelmente nesse ruído que abafa o nosso único som sustenido ponto e então morrem os teus lábios como morre tudo aquilo a que eu jurei distância. Amém.


Foto por: Tuane Eggers

terça-feira, 24 de abril de 2012

O Pequeno

Mas sabe que todas as flores perfumam mais bonito quando falo de você? E elas insistem em dizer que se eu não fosse tão besta já teria dado um jeito de levá-las até aí.
 - Calem-se, bobinhas! Vocês não entendem o prazer do desprazer e nem sabem o sabor daquilo que os seus lábios jamais tocam. Vocês vivem.
 E então as rosas desmaiam todas e fingem passar mal só para ouvirem-me rir e dizer que no final das contas não sou assim tão diferente delas.

Foto por: Tuane Eggers

sexta-feira, 9 de março de 2012

Por nós, que não somos nada.

Coagidos mutilados estuprados.
Eles abriram minhas pernas com seus cacetetes gigantescos e me fizeram sangrar.
Eles enfiaram seus canos de aço em minhas entranhas e puxaram o gatilho lá de dentro.
Eu gritei!
Ninguém escutou.
Eles então me deram uma cadeira de rodas e me obrigaram a fazer uma carteira para transitar pela cidade.
Eles me deram de presente todos os doces; todas as balas que haviam naquele moquifo e me obrigaram a sorrir como se fosse grato.
Eles me deram o silêncio e eu engoli a seco como se dissesse amém.

Foto por: Tuane Eggers

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Arquipélago


Ainda sangra?
Faz tanto tempo e tu ainda continuas com as mesmas besteiras de sempre.
Esse suco, esse choro, esse soluço. Você sabe que nada disso vai adiantar.
No final das contas, quero apenas o pedaço mais carnudo e suculento desse teu coração capenga. Eu só quero a melhor parte.
Não tive motivos para não gritar, mas calei mesmo assim. Calei enquanto roubavas daqui de dentro aquilo tudo que brilhava mais.
Mesmo que agora existam bonecas no leito onde antes tua cabeça repousava, eu ainda vivo. E volto lá de vez em quando. E dou-lhe um beijo na testa e grito:
- Não esquece de me chamar, tá?
Na verdade mesmo eu nunca quis somar presenças.
Somente compartilhar as nossas solidões.

Foto por: Tuane Eggers

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Vai

E me pergunto sempre quando gritam as vozes mudas ao pé do meu ouvido.
Você está aqui?
Você realmente esteve aqui?
De ti guardo apenas o frio desértico que lambe-me a pele do epitélio aos intestinos grosseiros.
Foram-se teus passos rumo ao espaço longe agora
Distante assim.
Sentado em meu trono de sal gostoso como as lágrimas que provo das maçãs do nosso rosto
Eu rio e digo:
Vai.
Mas não ouse voltar nunca mais.

Foto por: Tuane Eggers